EVANGELIO DE MARCOS
CONCLUSÕES
Xavier Cutajar
1. Desde o séc. II, o Evangelho de Mateus foi considerado como o “Evangelho da Igreja”, em virtude das tradições que lhe dizem respeito e da riqueza e ordenação do seu conteúdo, que o tornavam privilegiado na catequese e na liturgia. Assim a ordem entre os sinóticos foi estabelecida como Mateus, Marcos e Lucas. Por causa disso temos lido o Evangelho de Marcos a partir de Mateus. Isso tem dificultado a compreensão melhor do Evangelho de Marcos.
2. MARCOS, de fato, é o PRIMEIRO EVANGELHO escrito. Os outros dois evangelistas sinóticos, Mateus e Lucas, pegam os temas de Marcos e ampliam além de acrescentar outro material de outras fontes.
3. MARCOS tem um plano. Ao ler o Evangelho em sequência consegue desvendar este plano.
4. O Evangelho de Marcos é dividido em duas grandes partes:
- Jesus na periferia, fora da Capital Jerusalém, longe do TEMPLO, longe do poder, (Mc 1-10). Aqui Ele exerce sua missão de evangelizar para construir e estabelecer o REINO DE DEUS. Todas as curas de Jesus acontecem na periferia.
- Jesus na Capital Jerusalém, onde está o TEMPLO, bem no centro do poder, (Mc 11,1-16,8). Aqui Ele entra em confronto com aqueles que não estão deixando que se estabeleça o REINO DE DEUS. Jesus não realiza nenhuma cura em Jerusalém.
5. Assim Marcos põe em prática a realização do Salmo 146(145).
- Na primeira parte de Marcos Jesus dá pão aos famintos, liberta os prisioneiros de seus “espíritos maus ou demônios”, abre os olhos dos cegos, endireita os encurvados do peso do trabalho escravo, protege os estrangeiros, sustenta o órfão e a viúva mostrando assim que Deus é fiel ao seu plano da criação. Jesus visitava todas as cidades e aldeias ensinando o evangelho do Reino de Deus e curando todo tipo de doença e enfermidades, libertando todos de todo tipo de escravidão expulsando os demônios ou espíritos mãos. Jesus percebe que o povo está abandonado como ovelhas que não tem pastor! Os pastores estão lá em Jerusalém no templo. E é para lá que Ele vai.
- Na segunda parte de Marcos Jesus vai para Jerusalém, de onde vem toda a perseguição e sofrimento deste povo abandonado e ai transtorna o caminho dos ímpios: os doutores da Lei, os fariseus, os chefes dos sacerdotes, os anciãos, os saduceus, em fim o sinédrio. Eles o prenderam, julgaram, condenaram inocentemente e o mataram mas ele venceu! Jesus desmascarou todos eles. Os expôs diante de todos mostrando que todos são os falsos pastores que pastoreiam a si mesmos e que por interesses próprios deixam todas as ovelhas abandonadas, doentes….
6. As palavras satanás, bestas, Belzebú, príncipe dos demônios, demônios, ‘espíritos impuros’, ‘espírito mudo-surdo’, possessos ou possuídos, endemoninhados, legião… (Marcos não menciona Diabo) só aparecem na primeira parte do Evangelho de Marcos (1-10). Estes não apresentam nenhuma ameaça a Jesus, pelo contrário se reconhecem totalmente submissos a Jesus. Eles O elogiam e revelam quem Ele é. Aqui cabem alguns questionamentos:
a) Quem realmente apresenta ameaça para Jesus?
b) Por que Marcos não faz referência nenhuma a estes “espíritos impuros” na segunda parte do seu Evangelho (Cap. 11-16,8)?
c) Na prática, quem são os verdadeiros “demônios, espíritos impuros…” na segunda parte do Evangelho de Marcos (Cap. 11-16,8)?
d) Por acaso, todos estes tais de “espíritos maus” não se tornam reais e são, nada mais e nada menos, os fariseus, os doutores da lei, os chefes dos sacerdotes, os anciãos, os saduceus, o Sumo Sacerdote, Pilatos, Herodes e Herodianos, o Cesar e as legiões?
7. A palavra hebraica ‘MESSIAS’ que significa ‘ungido’, portanto ‘escolhido’ foi traduzida para o grego pela palavra ‘CRISTO’ (Cristo,j) em todo Novo Testamento exceto no Evangelho de João que explica que por duas vezes explica que ‘o Messias’ é chamado Cristo. (Cf. Jo 1,41 e 4,25)
Nas traduções do grego para o português quem fez apenas uma tradução literal, portanto ao pé da letra, traduziu a palavra ‘Cristo’ por ‘Cristo’, (o caso de João Ferreira de Almeida na Bíblia Evangélica) enquanto quem procurou captar e traduzir o sentido, traduziu ‘Cristo’, às vezes pela palavra ‘Messias’ e menos vezes pela palavra ‘Cristo’.
Percebo, nas traduções feitas para o português, uma diferença sutil entre MESSIAS e CRISTO compreendido dentro do contexto.
- O uso da tradução MESSIAS ainda guarda o significado da expectativa do povo de Israel de um MESSIAS que seria o esperado, o salvador, o libertador do povo ou o Rei de Israel, e só de Israel.
- Diferente do significado quando se usa a tradução CRISTO que, então, tem já uma conotação mais universal. CRISTO, neste caso, significa todo um projeto, significa o NOME, “em meu NOME” ou “em memória de mim”. É este sentido que foi levado para frente por Paulo.
7. Marcos não faz alusão nenhuma à Samaria e nem aos samaritanos.
8. Marcos nunca relata Jesus rezando nem na Sinagoga e nem no Templo de Jerusalém.
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Deus é fiel aos oprimidos
2 Vou louvar a Javé, enquanto eu viver. Vou tocar ao meu Deus, enquanto existir!
3* Não coloquem a segurança nos poderosos, num homem que não pode salvar!
4 Exalam o espírito e voltam ao pó, e no mesmo dia perecem seus planos!
5* Feliz quem se apóia no Deus de Jacó,
quem coloca sua esperança em Javé seu Deus.
6* Foi ele quem fez o céu e a terra,
o mar e tudo o que neles existe.
Ele mantém sua fidelidade para sempre,
7 fazendo justiça aos oprimidos,
Javé liberta os prisioneiros.
8 Javé abre os olhos dos cegos.
Javé endireita os encurvados. Javé ama os justos.
9 Javé protege os estrangeiros,
mas transtorna o caminho dos injustos.
O teu Deus, ó Sião, reina de geração em geração!
* Sl 146: Hino de louvor, proclamando a fidelidade de Deus, que fundamenta a confiança do povo.
* 1-2: Uma pessoa convida a comunidade a louvar, confessando a sua fé.
* 3-4: Exortação a não absolutizar a pessoa humana. Também os poderosos têm vida frágil e passageira.
* 5-6a: O único a merecer confiança absoluta é o Deus vivo, que se aliou com o povo.
* 6b-10: O motivo central do louvor é a fidelidade ao Deus vivo que age na história, fazendo justiça aos oprimidos e libertando os necessitados. Sua ação, porém, implica também a destruição da injustiça. É assim que se constitui o reino de Deus. Jesus fez disso o seu projeto (cf. Lc 4,16-21).
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Fonte:- http://www.paulus.com.br/biblia-pastoral/_PJT.HTM
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