ELIAS
Marcos menciona Moisés e Elias 9 vezes cada. Por que?
MOISÉS (9 vezes)
Mc 1,44; 7,10; 9,4; 9,5; 10,3; 10,4; 12.19; 12,26; 12,26
ELIAS (9 vezes)
Mc 6,15; 8,28; 9,4; 9,5; 9,11; 9,12; 9,13; 15,35; 15,36
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Moisés e Elias representam, respectivamente, a Lei e os Profetas, isto é, todo o Antigo Testamento chamado também “Primeiro Testamento”.
Elias, aquele que, segundo a profecia de Malaquias, precederá a vinda do Senhor (cf. Ml 3,23-24) e Moisés, o profeta escatológico a quem deve se dirigir a escuta (cf. Dt 18,18) tornam-se as testemunhas de Jesus na transfiguração. (Enzo Bianchi)
Elias vai voltar (Ml 3, 22-24)
22 Lembrem-se da Lei do meu servo Moisés, que eu mesmo lhe dei no monte Horeb, estatutos e normas para todo o Israel.
23 Vejam! Eu mandarei a vocês o profeta Elias, antes que venha o grandioso e terrível Dia de Javé.
24 Ele há de fazer que o coração dos pais voltem para os filhos e o coração dos filhos para os pais; e assim, quando eu vier, não condenarei o país à destruição total. (Ml 3, 22-24)
A volta de Elias
Mc 8,11-13
Os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os escribas dizem que primeiro deve vir Elias?” Ele respondeu: “Sim, Elias vem; e porá tudo em ordem. E eu vos digo mais: Elias já veio, e não o reconheceram. Pelo contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. Então os discípulos compreenderam que ele lhes havia falado de João Batista. (Mt 17, 10-13)
Questionando uma doutrina
Os mestres da Lei prenunciavam a vinda de Elias como sinal de realização das esperanças messiânicas. Esta doutrina fundava-se na crença de que haveria uma restauração gloriosa de Israel, por obra do Messias. Este triunfalismo foi questionado por Jesus.
A tarefa atribuída ao profeta Elias – “colocar tudo em ordem” – fora desempenhada por João Batista. Sua vida humilde e ascética impediu que os triunfalistas o reconhecessem. Só os simples foram capazes de perceber a importância da pregação do Precursor, e se deixaram batizar por ele, confessando seus pecados, dispostos a se converterem.
O destino cruel reservado ao Batista revelou a leviandade dos esquemas religiosos e políticos de seu tempo. Esperando uma manifestação espalhafatosa de Deus, que a eximisse da responsabilidade de estar sempre vigilante e em discernimento, a liderança religiosa fez-se surda aos apelos de quem exigia dela uma decisão responsável e livre. Desta forma, ela desprezou a oportunidade oferecida por Deus.
O caminho trilhado por Jesus foi idêntico ao do Batista. Despojado de qualquer pretensão mundana, fez-se solidário com os pobres e marginalizados, os deserdados deste mundo. Por isso, quem cultivava a mesma mentalidade triunfalista dos adversários do Batista jamais poderia confessá-lo como Messias. Só quem entendia que a obra de Deus acontece na contramão da mentalidade humana estava em condições de tornar-se discípulo.
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