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VENHA A NÓS O TEU REINO-Pagola - pdf
“VENHA A NÓS O TEU REINO”
JOSÉ ANTIONO PAGOLA*
Para Jesus, a vinda do REINO DE DEUS é tudo:
- é o núcleo central de sua mensagem,
- a convicção mais profunda,
- o objetivo de toda sua atuação,
- a paixão de sua vida.
Não é de estranhar que, ao ensinar a seus discípulos a rezar, brote-lhe este desejo do fundo do seu ser: “Pai, venha o teu Reino”. Esta terminologia monárquica pode parecer-nos hoje um pouco estranha. Podemos talvez até entendê-la mal. Mas, se quisermos entender o Pai-nosso, devemos aprofundar-nos nesta expressão.
1. EVITAR IDEIAS ERRÔNEAS
a) Não devemos identificar O REINO DE DEUS com o CÉU, lugar de recompensa e gozo com Deus. Jesus não está pensando num Reinado de Deus que se realiza na outra vida, além da morte. O Reinado de Deus é algo que está em marcha e acontece agora. É certo que a plenitude do Reino se dará no final, mas o crescimento do Reino de Deus, a acolhida, a entrada no Reino devem acontecer agora. Por isso, ao dizer “venha a nós o teu Reino” não estamos pedindo para ir ao céu. Estamos almejando que o Reino de Deus se torne realidade em nós, que chegue sua justiça, que se imponha no mundo seu Senhorio.
b) Também não devemos entender o Reino de Deus como algo interior que se realiza por meio da graça na alma dos crentes, mas como um processo destinado a transformar a vida inteira. (Lc 17,21: “O Reino de Deus já está entre vós”)[1] Naturalmente, a conversão ao Reino de Deus implica uma vida inteira, mas o chamado a “entrar no Reino” não é um convite para intensificar a vida espiritual, mas para tomar uma decisão que compromete toda a pessoa. Por isso, quando dizemos “venha a nós o teu Reino” não pedimos que Deus reine interiormente nos corações, mas que transforme a realidade inteira do mundo e a vida material, espiritual e social dos seres humanos, para que seja mais conforme com os desígnios de Deus nosso Pai. [2]
c) Também não devemos confundir o Reino de Deus com a Igreja, como se o Reino de Deus só se realiza dentro da instituição eclesiástica e crescesse e se desenvolvesse na medida em que esta cresce e se desenvolve. A Igreja está a serviço do Reino de Deus e trata de anunciá-lo e promovê-lo, pois é “sacramento” ou sinal da presença de Deus entre os seres humanos, inaugurada por Cristo e em Cristo. Mas o Reino de Deus não se identifica com as fronteiras da Igreja visível; Deus reina onde reina seu amor e sua justiça. Por isso, quando dizemos “venha a nós o teu Reino”, não pedimos que cresça e se estenda a Igreja, mas que o Reino de Deus chegue ao mundo inteiro e também a Igreja.
2. A UTOPIA DO REINO DE DEUS
Quando se organizou em Israel a monarquia, nem por isso Deus deixou de ser o soberano do povo, o autêntico Rei de Israel. Por isso Ele era aclamado com hinos como este:
“A ti, Javé, pertencem a grandeza, o poder, o esplendor, a majestade e a glória, pois tudo o que existe no céu e na terra pertence a ti. Teu é o Reino, e a ti cabe elevar-se como soberano acima de tudo. A riqueza e a glória vêm de ti. E tu governas todas as coisas. Em tua mão está a força e o vigor. Em tua mão está o poder de engrandecer e fortificar todas as coisas.” (1Cr 29,11-12) Os reis de Israel estavam subordinados a Deus e deviam cumprir sua vontade.
Por isso não é de estranhar que, ao comprovar que os reis também não atuavam com justiça e bondade, despertasse no povo a esperança de que Deus mesmo enviaria, um dia, seu “Ungido”, ou Messias [3] descendente de Davi, para que instaurasse o verdadeiro “Reinado de Deus”, tornando realidade uma utopia tão antiga como o coração humano: o desaparecimento
- do mal,
- da injustiça, e da opressão,
- da dor e da morte.
O “Reino de Deus“ trará consigo
- a verdadeira justiça e a paz,
- a salvação e a felicidade.
Então desaparecerão
- o pecado e
- as injustiças
e se promoverá
- a libertação e
- a dignidade de todos.
É o que anuncia o Livro da consolação da profecia de Isaías
“Como são belos sobre os montes
os pés do mensageiro que anuncia a paz,
que traz a boa notícia,
que anuncia a salvação,
que diz a Sião: «Seu Deus reina».” (Is 52,7)
O Reino de Deus é, sobretudo, uma boa notícia para os pobres e os maltratados injustamente. Deus não pode reinar, a não ser fazendo justiça àqueles a quem ninguém a faz, nem sequer os reis da terra. Só Deus pode garantir a defesa dos fracos: “Nesse dia,
- os surdos ouvirão as palavras do livro; e
- os olhos do cego, libertos da escuridão e das trevas, tornarão a ver.
- Os pobres voltarão a se alegrar com Javé, e
- os indigentes da terra ficarão felizes com o Santo de Israel.
Pois não haverá mais ditador, e aquele que zombava de todos desaparecerá; e todos os que tramam o mal serão eliminados: os que acusam alguém no processo, os que no tribunal fazem armadilha para o juiz e, por um nada, arruínam o justo.” (Is 29, 18-21) Assim canta o salmista:
- “Porque ele liberta o indigente que clama e o pobre que não tem protetor.
- Ele tem compaixão do fraco e do indigente, e salva a vida dos indigentes.
- Ele os redime da astúcia e da violência, porque o sangue deles é precioso aos seus olhos.” (Sl 72/71, 12-14)
Assim, pois, o desejo de que venha o “Reino de Deus“ resume o anelo de que chegue uma nova ordem ao mundo que só Deus pode introduzir. Só Ele pode impor na humanidade a justiça verdadeira. Só Ele pode trazer ao mundo a paz e a salvação. Só Ele pode destruir o pecado e eliminar a iniquidade.
3. O REINO DE DEUS ESTÁ CHEGANDO
Toda a atuação de Jesus se concentra na vinda deste Reino de Deus. Jesus vive convencido de que com ele, com sua mensagem e sua atuação, o Reino de Deus começa a tornar-se realidade. Deus já está chegando. O Reino de Deus começa a abrir caminho entre os seres humanos. A vida está sendo trabalhada pela força salvadora de Deus. Esta é a grande notícia que obriga a todos nós a mudar. Assim resume o Evangelista São Marcos a mensagem central de Jesus:
«O tempo já se cumpriu,
e o Reino de Deus está próximo.
Convertam-se e creiam no Evangelho (Boa Nova).» (Mc 1,15) [4]
Esse Reinado de Deus não chega com a espetacularidade que muitos contemporâneos de Jesus esperavam, mas de maneira humilde, simples e quase oculta. O Messias, o Enviado de Deus não vem instaurar um reino poderoso, de caráter político. Seu modo de tornar presente o Reino de Deus é introduzir justiça, verdade, saúde e perdão na vida dos seres humanos. «… Porque o Filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir e para dar a sua vida como resgate em favor de muitos.» (Mc 10,45) Por isso, esse Reinado de Deus é
- como uma “semente” que foi semeada no mundo para ir crescendo (Mc 4,26-32),
- como um punhado de “fermento” que foi introduzido na história humana para ir transformando-a (Mt 13,33).
A força salvífica de Deus já está atuando, mas é:
- como um “tesouro escondido” que ainda deve ser descoberto (Mt 13,44) ou
- como uma “pérola preciosa” pela qual se arrisca tudo (Mt 13,45).
Á primeira vista, tudo isto sobre o “Reino de Deus” pode parecer ainda algo insignificante, como um pequeno “grão de mostarda” (Mc 4,31) inclusive pode parecer que vai fracassar, pois a semente pode ter diversas sortes segundo a acolhida ou a resistência que vai encontrar ao cair em diferentes terrenos (Mc 4,3-9). Mas Jesus convida seus seguidores a descobrir, no mais profundo da história humana, a força humilde, mas poderosa, de Deus que já conduz o mundo para sua salvação: “A vós foi dado o mistério do Reino de Deus“ (Mc 4,11).
O próprio Jesus, com sua atuação sanadora e sua luta contra o mal e a dor, oferece sinais de que o Reinado de Deus está chegando:
- «os cegos recuperam a vista,
- os paralíticos andam,
- os leprosos são purificados,
- os surdos ouvem,
- os mortos ressuscitam e
- aos pobres é anunciada a Boa Notícia.» (Mt 11,5).
Se Jesus vai expulsando o mal e fazendo mais sã a vida dos humanos, mais libertada e feliz, isto indica que Deus está vencendo o mal com o bem e está implantando seu Reino:
“Mas se é pelo Espírito de Deus que expulso os demônios,
(=“Mas se pelo dedo de Deus que expulso os demônios”(Lc 11,20))
então o Reino de Deus chegou até vós” (Mt 12,28).
A chegada do Reino de Deus é a melhor notícia que se podia escutar no mundo, pois aquele que quer reinar entre os homens não é um ditador, mas um Deus-Pai, Abba, que busca só uma coisa, que é o bem e a felicidade de todos. Se Deus reina, reinará na humanidade
- a fraternidade,
- a comunhão e
- a amizade.
Acolher a Deus como único Absoluto não leva
- à injustiça,
- à opressão ou
- à mútua destruição.
Ao contrário, é a única coisa que pode levar a humanidade
- à convivência fraterna e
- à justiça para todos.
Segundo Jesus, os primeiros que vão escutar o Evangelho(=Boa Nova) do Reino são os pobres: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa Nova aos pobres” (Lc 4,18). Os primeiros beneficiados com a chegada do Reino de Deus são
- os indefesos,
- as vítimas dos poderosos,
- os marginalizados,
- os que não tem lugar na sociedade nem no coração dos outros.
Não que estes sejam melhores do que ninguém para merecer o Reino de Deus de forma privilegiada. A única razão é que são pobres e estão necessitados de justiça e amor. Por isso é bom para eles que se imponha o Reinado de Deus e sua justiça. Se Deus reina no mundo, nessa mesma medida já não reinarão
- os poderosos sobre os fracos,
- os ricos não abusarão dos pobres,
- os homens não dominarão as mulheres,
- os povos do Primeiro Mundo não explorarão os do Terceiro Mundo.
Por outro lado, se reinam Deus e a sua justiça, já não reinarão na humanidade, como senhores absolutos,
- o dinheiro,
- a força,
- as armas,
- o bem estar e
- o poder.
Não se poderá dar a nenhum César o que é de Deus (cf. Lc 20,25). Não se poderá servir ao mesmo tempo a Deus e ao dinheiro (cf. Lc 16,13)
4. ENTRAR NO REINO
O Reino de Deus está em processo. “Já está aqui, mas ainda não chegou a sua plenitude. Foi semeado na terra, e deve ir crescendo aos poucos. Seus começos são humildes, quase insignificantes, mas está destinado a ter um alcance universal. O bem já atua no mundo, mas ainda não venceu totalmente o mal. O Reino é um dom que recebemos, mas também é uma promessa que esperamos ver realizada”[5]. Daí o nosso anseio: “Venha o teu Reino” :
- que a “semente” continue crescendo,
- que o “fermento” continue levedando,
- que o começado em Cristo continue a desenvolver-se.
Fazer do íntimo este pedido só é possível quando se está disposto a entrar na dinâmica do Reino. Se desejamos o Reino, temos de seguir o convite de Jesus:
“Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça e todas estas coisas vos serão dadas de acréscimo” (Mt 6,33).
Entrar no Reino de Deus exige adotar uma atitude de “crianças” que acolhe o Pai, Abba, pois “o Reino dos Céus é dos que são como elas” (Mt 19,14)[6]. Exige também viver com o espírito das bem-aventuranças, pois “deles é o Reino de Deus“ (Lc 6,20).
Mas, além disso, o anseio pelo Reino de Deus impele e compromete a trabalhar para que esse Reino de Deus seja acolhido. Isto significa
- trabalhar por um mundo mais fraterno e solidário,
- construir relações mais humanas,
- instaurar a paz e promover a reconciliação,
- reagir contra as injustiças,
- manter sempre viva a esperança em Deus, sem cair no pessimismo ou no desespero,
- pedir ardentemente a vinda do Reino.
Seguindo a Jesus, também nós somos chamados a realizar gestos libertadores, criadores de vida, que podem ser percebidos como boa notícia pelos que sofrem: “Pelo caminho,
- proclamai que está próximo o Reino de Deus.
- Curai os enfermos,
- ressuscitai os mortos,
- limpai os leprosos,
- expulsai os demônios.
- De graça recebestes, dai também de graça!” (Mt 10,7-8).
Os gestos podem ser diversos:
- oferecer esperança aos que não podem esperar nada desta sociedade,
- acolher aqueles que não encontram lugar nem acolhida em parte alguma,
- defender aqueles que não podem defender-se diante dos poderosos,
- fazer justiça aos que são mal tratados injustamente,
- dar vez e voz aos que são esquecidos e marginalizados,
- oferecer perdão e possibilidade de reabilitação aos culpáveis…
Onde se vive e trabalha com este espírito, está chegando o Reino de Deus.
Quem anseia pelo Reino não perde a esperança nem esquece a ação de graças:
“Nós te damos graças, Senhor Deus todo-poderoso,
aquele que é e que era,
porque assumiste o teu grande poder e
entraste na posse do Reino” (Ap 11,17).
Embora não vejamos realizado seu Reino tal como desejamos, nós sabemos que Deus orienta tudo para a salvação final. Deus é “Aquele que É, que Era e que Vem” (Ap 1,4).
VENHA A NÓS O TEU REINO
(COMO ORAÇÃO)
1. VENHA O TEU REINO
Venha a nós o teu Reino. Sabes que era esse o maior desejo de Jesus. Seu pedido mais ardente ao Pai: queria ver Deus reinando no mundo, colocando justiça, amor e ternura entre os seres humanos. Cada vez que rezas o Pai-Nosso deve crescer em ti este desejo: O Senhor vem para governar a terra. Governará o mundo com justiça e os povos com retidão (Sl 98/97).
No entanto, o que vês é que no mundo reina a injustiça, os abusos e a mentira. As pessoas se odeiam, prejudicam e se matam umas às outras. Não aceitamos Deus como Pai e não nos tratamos como irmãos. Como te sentes diante de tudo isso? Abre teu coração a Deus: Meus olhos se consumiram aguardando tua salvação e tua promessa de justiça (Sl 119/118).
Não deixes de invocar a Deus nosso Pai. Quando vês a força do mal, mostra a tua angústia a Deus: Será que o Senhor nos abandonou para sempre?… Terminou para sempre sua promessa? Quando vês homens e mulheres lutando por um mundo mais justo, desperta tua esperança: Eu confio em tua bondade: meu coração exulta com tua salvação! (Sl 13/12)
***********
Será que o Senhor nos rejeitará para sempre
e não voltara mais a nos ser favorável?
Será que a sua fidelidade se esgotou de todo,
terminou sua promessa para as gerações?
Será que Deus se esqueceu de ter compaixão
ou a cólera fechou-lhe as entranhas? (Sl 77/76)
Meus olhos se consomem
aguardando tua salvação e tua promessa de justiça. (Sl 119/118)
Eu confio em tua bondade,
meu coração exulta com tua salvação. (Sl 13/12)
Desperta teu poder e vem salvar-nos.
Restaura-nos, ó Deus:
faze brilhar tua face e seremos salvos! (Sl 80/79)
Ó Deus, mostra tua força que
usaste em nosso favor. (Sl 68/67)
Há muitos que dizem:
“Quem nos dera ver a felicidade!”
Senhor, faze brilhar sobre nós a luz de teu rosto. (Sl 4)
Ressoe o mar e tudo que ele contém,
o mundo e seus habitantes!
Batam palmas os rios, os montes,
em coro, cantem de júbilo diante do Senhor,
pois Ele vem para governar a terra.
Governará o mundo com justiça
e os povos com retidão. (Sl 98/97)
Porque só do Senhor é a realeza
e é Ele quem governa as nações.
Diante dele se prostrarão todos os poderes da terra
e se inclinarão todos os que descem ao pó. (Sl 22/21)
O Senhor desfaz os desígnios das nações
e frustra os projetos dos povos.
Mas o desígnio do Senhor subsiste para sempre
e seus projetos de geração em geração. (Sl 33/32)
2. QUE DEUS FAÇA JUSTIÇA AOS POBRES
Como esqueces facilmente os pobres! Inclusive quando rezes o Pai-nosso. Não sabes que Deus quer reinar no mundo precisamente para defender os que ninguém defende?
Ele livrará o pobre que clama, e
também o oprimido e o desvalido.
Ele tem compaixão do fraco e do pobre, e
salva a vida dos pobres e
lhes resgata vida da astúcia e da violência (Sl 72/71).
Como podes pedir o Reino de Deus esquecendo-se deles?
Ao rezar a Deus Pai, não peças só para ti. Não peças só para teus amigos e entes queridos. Aprende a invocar a Deus em nome dos mais desgraçados.
Dize a Deus, de coração:
ainda que eu me esqueça,
Tu não esqueces a vida de teus pobres (Sl 74/73).
Que não sejam defraudados.
Que os pobres e aflitos louvem teu nome (Sl 74/73).
Ao falar com Deus, não o imagines voltado só para teus problemas e preocupações. Entra em seu coração de Pai, olha para quem ele se inclina:
Tu vês as penas e trabalhos dos humildes,
tu os observas para retribuir com tua mão (Sl 10).
Será que te pareces um pouco com esse Deus Pai? Tu te aproximas dos pobres?
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Todos os reis se prostrarão diante dele
e todas as nações o servirão.
Pois ele livrará o pobre que clama,
e também o oprimido e o desvalido.
Ele tem compaixão do fraco e do pobre.
Da astúcia e da violência
Resgata-lhes a vida e o sangue. (Sl 72/71)
Que as montanhas e colinas tragam paz ao povo,
mediante a justiça!
Que Ele faça justiça aos humildes do povo,
salve os filhos dos pobres e esmague o opressor. (Sl 72/71)
Deus está com a geração dos justos.
Quereis confundir o plano do pobre
quando o Senhor é seu refúgio? (Sl 14/13)
O Senhor é rei para todo e sempre
e estabelece seu trono para o juízo:
julga o mundo com justiça
e rege os povos com retidão.
O Senhor é refúgio do oprimido,
seu refúgio nos momentos de perigo. (Sl 10)
Não esqueças para sempre a vida de teus aflitos!
Olha para aliança, pois os esconderijos do país estão
cheios de covis de violência.
Que o oprimido não volte humilhado,
que o aflito e o pobre louvem teu nome. (Sl 74/73)
Olhai, humildes e alegrai-vos…
Pois o Senhor ouve os pobres e não rejeita os seus cativos,
Louvem-no os céus e a terra. (Sl 69/68)
Tu vês a tribulação e as mágoas dos pobres,
observas para retribuir com tua mão…
Senhor, Tu que ouviste o anseio dos humildes,
confortarás seu coração e lhes prestarás ouvido. (Sl 10)
Senhor, quem é semelhante a ti,
que livras o desvalido do mais forte que ele
e o miserável e o pobre de quem o explora? (Sl 35/34)
Feliz aquele que espera no Senhor, seu Deus…
Ele que guarda fidelidade para sempre,
que faz justiça aos oprimidos,
dá pão aos que têm fome.
O Senhor liberta os prisioneiros,
abre os olhos aos cegos,
o Senhor endireita os encurvados,
o Senhor ama os justos,
o Senhor protege os migrantes,
ampara o órfão e a viúva
e confunde (transtorna) o caminho dos ímpios. (Sl 146/145)
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NOTAS:
[1] A ideia de um Reino de Deus no interior das pessoas provém, sobretudo, da interpretação que muitos fizeram de Lc 17,21: “[.......] o Reino de Deus já está dentre de vós”. A exegese atual entende: “O Reino de Deus já está entre vós”. Devemos optar pelo Reino que não é um acontecimento puramente externo.
[2] Marcos define o REINO DE DEUS assim: “vivermos em paz uns com os outros.” (Cf. Mc 9,50) É o desejo de Deus, a Sua vontade. Marcos usa REINO DE DEUS 14 vezes: Mc 1, 15; 4,11.26.30; 9,1.47; 10,14.15.23.24.25; 12,34; 14,25; 15,43
[3] O meu “UNGIDO” (Sl 2,2) no original hebraico corresponde a “MESSIAS” sendo o prometido por Deus para ser o Rei que salvaria o seu povo. Na tradução literal para o grego ficou “CRISTO”.
[4] A palavra EVANGELHO (em grego) é traduzida como BOA NOTÍCIA ou BOA NOVA.
[5] Cf. (BORRELL, A. Op.cit.,p.46)
[6] Mateus fala do “Reino dos Céus“, mas é para designar o “Reino de Deus“, evitando usar explicitamente o nome divino.
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Texto extraído do Livro: “PAI-NOSSO – Orar com o Espírito de Jesus” de JOSÉ ANTONIO PAGOLA, Ed Vozes – 2012
*José Antonio Pagola cursou Teologia e Ciências Bíblicas na Pontifícia Universidade Gregoriana, no Pontifício Instituto Bíblico de Roma, e na Escola Bíblica e Arqueológica Francesa de Jerusalém. Foi professor de Cristologia na Faculdade Teológica do Norte da Espanha (Vitoria). É autor de diversas obras de teologia, pastoral e cristologia. Atualmente é diretor do Instituto de Teologia e Pastoral de São Sebastião. Há sete anos se dedica exclusivamente a pesquisar e tornar conhecida a pessoa de Jesus.
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Responsável por este trabalho:
Xavier Cutajar
xacute@uol.com.br http://xacute1.com
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